terça-feira, 26 de agosto de 2014

O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA


Como já sabido, de forma consensual, a estrutura demográfica brasileira há alguns anos vem se alterando, trazendo, dentre outras marcas, o aumento da expectativa de vida logo o envelhecimento da população. Nesse particular, de forma empírica e hipotética, teima-se em afirmar que as pessoas envelhecidas são em maioria mulheres.
Nessa questão o projeto prevê precedentemente investigar e caracterizar esse extrato populacional, bem como levantar as condições disponibilizadas a ele pela sociedade brasileira e conquistense. As observações realizadas permitem aludir sobre um despreparo generalizado (infra-estrutura, profissionais etc) que urge por intervenções afim de amenizar os problemas aí existentes. Tal constatação é tanto triste, negativa considerando as particularidades do ser humano ao envelhecer, como imbuída da ideia de que está posto um campo promissor para realização de estudos, especializações, reorganização da sociedade e particularmente a preparação de pessoas ora denominada de cuidadores de idosos.
A experiência atualíssima com integrante familiar, nesse contexto, subsidia a análise ligeiramente apresentada, remetendo, inevitavelmente, a grandes problemas e ou contradições da organização social brasileira de hoje que nesta ora se escancaram e generalizam um espírito de certa revolta.
As dificuldades são ainda maiores em se tratando dos estratos populacionais de menor renda, mas também expressivas nas classes médias (baixas e altas). O fato de terem mantido um plano de saúde ou de ter conseguido poupar algum recurso, por exemplo, não garante a essa população tranquilidade pois a contradição é tamanha, dotando o processo de incoerência irracionalidade tendo em vista que os recursos materiais e humanos necessários são inacessíveis a não ser para alguns poucos bem dotados que talvez nem exista na realidade conquistense. A cidadã que a duras penas pagou um plano de saúde por toda a vida defronta com descompasso da não cobertura, por ele, de serviços médicos neurológicos, tendo sido acometida, para sua desgraça, de enfermidade do ramo. Aliás doenças como demência, derrame cerebral, mal de parkson são justamente as que mais vem acometendo essa população.
A manutenção de um plano de saúde, por outro lado, poderia ajudar na prevenção e tratamento (em tempo) de doenças, vez que a consulta médica seria de fácil acesso mas, ironicamente pelo despreparo dos profissionais nem sempre está garantido. A história de uma certa senhora, na casa dos oitenta anos, é emblemática na exemplificação do que está se tentando colocar. Com frequência mensal era atendida por médicos clínico, endocrinologista, psiquiatra, cardiologista para os quais por meses a fio relatou um estado de angústia e incômodo (sintomas de doença grave que não demorara a lhe invalidar), quase que como um grito de socorro, teimando esses em lhes dizer que nada de mais estava ocorrendo, sendo incapaz de no mínimo sugerir uma investigação com outros especialistas. Passado algum tempo, após busca incessante de ajuda (ainda que a família referendada na avaliação médica corroborava a ideia de não existir nenhuma doença a não ser em sua cabeça) depois de ir inúmeras vezes ao pronto socorro, teve a “felicidade” de ser atendida por um médico iniciante, de fora, apenas clínico geral que descobrira uma alteração na forma de seu coração, solicitando o seu internamento quando desencadearia a descoberta de doença neurológica que imediatamente levou-a a viver em cima de uma cama.  

De maneira a não perder o foco da proposta que além de investigar o papel, condições da mulher conquistense, intenciona apreender ações relacionadas capazes de gerar renda, é mister dizer que mediante a incapacidade financeira da maioria dos idosos (particularmente os inválidos) em contratar os serviços de profissionais da saúde (de todas as especialidades) para lhe assistir cotidianamente, nem mesmo uma auxiliar de enfermagem, recorrem a pessoas comuns, empregadas domesticas, de baixa escolaridade, que passam a realizar procedimentos aprendidos na prática: ministrar remédios, elaborar e fornecer (dar na boca) a alimentação, investigar de taxas como a da pressão arterial e da glicose, realizar higienização pessoal e do ambiente (banho, troca de fraldas, lavagem de roupas).

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