quinta-feira, 1 de agosto de 2013

REGIÃO DE VITÓRIA DA CONQUISTA: IDENTIFICANDO ALGUNS CONCEITOS COMO ALICERCE PARA ESTE INSTRUMENTO ELETRÔNICO

 Em se tratando de um instrumento atrelado à uma instituição (no caso a UESB) que dentre outros objetivos está a produção do conhecimento científico e, mas particularmente, sendo uma iniciativa do Departamento de Geografia, que visa identificar, sistematizar e disseminar informações, optou-se por definir, sucintamente, os conceitos de ciência e cultura; esclarecer o  recorte territorial a que se volta, o qual, de imediato, o intitula (Região de Vitória da Conquista) e, ainda, discutir muito objetivamente o significado do tão propalado período técnico-científico.

A influência de Vitória da Conquista recai sobre uma ampla região, perpassando todas as regionalizações instituídas oficialmente. Para burlar tal situação, evitou-se a adoção de qualquer uma delas, recorrendo a uma escala territorial com contornos flexíveis ora abrangendo municípios mais diretamente influenciados ora abrangendo outros mais longínquos, mas que sob um ou outro ponto de vista interdepende com essa cidade. Se tomássemos a Região Sudoeste, por exemplo, estaríamos falando de 39 municípios que contempla os municípios de Jequié e Itapetinga, mas deixa de fora, paradoxalmente,  o município de Brumado. As microrregiões geográficas do IBGE, nesse caso a microrregião de Vitória da Conquista, do mesmo modo, não dá conta da influência da cidade, como tantas outras, inclusive a mais contemporânea, oriunda do MDA, divisão em territórios de identidade, contemplando o Território de Vitória da Conquista 24 municípios.

Os conceitos de ciência e cultura são tratados numa vertente mais moderna designando uma maior aproximação do cotidiano das pessoas o que contraria a visão  mais erudita. Em seu sentido amplo e clássico, a ciência é um saber  rigoroso, isto é, um conjunto de conhecimentos metodicamente adquiridos, mais ou menos sistematicamente organizados, e suscetíveis de serem transmitidos por um processo pedagógico de ensino. Mais modernamente, é a modalidade de saber constituída por um conjunto de aquisições intelectuais que tem por finalidade propor uma explicação racional e objetiva da realidade (JAPIASSU e MARCONDES, 1996, p.43)[1].
 
Ainda conforme estes autores, a compreensão de ciência não está desvinculada da técnica ou tecnologia voltada à explicação e aplicabilidade em situações reais. Num período precedente a ciência era totalmente desvinculada do plano real restringindo ao nível teórico enquanto saber metódico e absolutamente verdadeiro. “[...]. As ideias científicas não são totalmente independentes da filosofia, da religião e das ideologias que impregnam o meio em que vivem os pesquisadores” (JAPIASSU e MARCONDES, 1996, p.44).

Popper (appud Sposito) defende a utilização ortodoxa do método. [...] procura consolidar a força do positivismo lógico, voltando a uma postura cartesiana de ciência. [...] Feyerabend, por sua vez, pensa de uma maneira exatamente contrária. [...] o rigor metodológico é muito mais um problema que um caminho para a produção científica (SPOSITO, 2004, p. 50)[2].

A técnica por outro lado define-se como um conjunto de procedimentos utilizados em busca de certos resultados que, também nesta proposta é entendida tanto como resultante de um conhecimento científico como de um conhecimento empírico a exemplo de tecnologias simples e rudimentares empregadas pelos agricultores e suas famílias no tratamento e utilização da terra. Assim sendo, quando propomos uma disseminação e/ ou popularização do conhecimento científico e de tecnologias que possam contribuir para processos capazes de melhorar a vida das pessoas intencionamos também resgatar as experiências e práticas bem sucedidas. 
[...]. Em muitos ambientes sociais rurais dominados pela prolongada ausência de homens, as mulheres tratam das questões de desmatamento, degradação do solo, escassez de água e poluição como parte de seu cotidiano. Elas reagem a aparentemente bem-intencionados, mas frequentemente ingênuos pacotes de ’desenvolvimento’ com perícia e engenhosidade [...] (BELL, 1996, p.207)[3]

Situações como esta abre a possibilidade de introduzir o conceito de cultura, definido como representante de elementos artísticos, científicos, religiosos e filosóficos de uma dada sociedade e,  num sentido amplo, das técnicas, costumes e usos característicos da vida cotidiana. É considerada também como a socialização ou disseminação de fatos culturais via educação, meios de comunicação e difusão de informações em grandes escalas. Cultura é “todo o conjunto de regras e comportamentos pelos quais as instituições adquirem um significado para os agentes sociais e através dos quais encarnam em condutas mais ou menos codificadas” (JAPIASSU e MARCONDES, 1996, p.61)[4].
Segundo Santos, (1994), os meios técnicos “criados recentemente se tornaram mundiais, mesmo que sua distribuição geográfica seja, como antes, irregular e o seu uso social seja, como antes, hierárquico” trazendo como marcas a imprescindibilidade da ciência, tecnologia e informação (SANTOS, 1994, p.42)[5].
Importa a este trabalho a constatação de um período denominado por muitos de técnico-científico onde a tecnologia informacional particularmente assume grandes proporções, mas, sobretudo a observação de que apesar da difusão ser muito mais rápida em relação a períodos precedentes, as novas tecnologias são desigualmente distribuídas entre as diferentes escalas geográficas e no interior de cada uma delas.



[1] JAPIASSU, H.; MARCONDES, D.  Dicionário básico de filosofia. 3 ed.. Rio de janeiro: Jorge Zahar Ed., 1996.
[2] SPOSITO, Eliseu Savério. Geografia e filosofia: contribuição para o ensino do pensamento geográfico. São Paulo: UNESP, 2004.

[3] BELL, Op.cit.
[4] JAPIASSU E  MARCONDES, Op. Cit.
[5] SANTOS, M. Técnica espaço tempo:globalização e meio técnico-científico

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