sábado, 27 de abril de 2013

SÉRIE: DISCUSSÃO TEÓRICO METODOLÓGICA NAS AÇÕES ESTATAIS - BREVE TRAJETÓRIA DO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO.


 Sobre a política de desenvolvimento regional no Brasil é possível distinguir dois grandes períodos de ocorrência: período posterior à década de 1950, que, aproveitando-se do contexto favorável, caracteriza-se por grandes realizações, a exemplo da criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE); período iniciado após a década de 1980, que, pela lógica do capital encampada pelo Estado evidencia um agravamento dos problemas regionais no país como um todo.
As transformações materiais do mundo após o ano de 1945 fazem parte de um contexto justificativo ao interesse despertado sobre o tema desenvolvimento pela pesquisa, docência e práticas estatais. O desenvolvimento nas décadas de 1950 e 1960 foi entendido, essencialmente, como a necessidade de transformação de realidades de base agrária em uma base industrial. A conquista do desenvolvimento econômico, numa perspectiva de progresso linear, predominou no debate daquele momento. As teorias que mais influenciaram as práticas de planejamento, particularmente pelo estado, pouca ou nenhuma atenção atribuiu à dimensão sócio-espacial do desenvolvimento.
A partir do final dos anos 80, com a divulgação pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Comissão Brundtland) do relatório intitulado “Nosso Futuro Comum”, iniciaram-se novas discussões sobre o conceito de desenvolvimento, incorporando-se-lhe adjetivos como sustentável, local, que assumiram, de lá para cá, a hegemonia do debate. A emergência dessa nova fase na concepção de desenvolvimento é justificada pelo despertar da sociedade para com os problemas ambientais, sendo atribuída maior importância às dimensões ambiental e espacial, até então negligenciadas. No seio dessas novas discussões existem grupos bastante comprometidos, que apresentam argumentos coerentes, aos quais, ainda que discordemos teoricamente, não podemos negar as contribuições. Há, por outro lado, a apropriação do resultado dessas discussões, sobretudo pelos dirigentes políticos, de maneira oportunista, deixando evidente as suas principais contradições.
O desenvolvimento sustentável é definido como “aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades” (CMMDA, 199l, apud BUARQUE, 1996, p. 6), sugerindo o aumento de oportunidades sociais com compatibilidade entre o crescimento econômico, a conservação ambiental, a qualidade de vida e a equidade social. (BUARQUE, 1996).
Segundo Becker (1995), o desenvolvimento sustentável, como exposto no Relatório Bruntland (1987), é uma feição específica da geopolítica contemporânea, deixando à mostra a dimensão política do espaço e dos conflitos a ele inerentes em várias escalas geográficas.

BIBLIOGRAFIA

BECKER, B. K. A crise do Estado e a região: a estratégia da descentralização em questão. Rio de Janeiro: Revista Brasileira de Geografia, jan./mar., 1995.
BUARQUE, S. C. Desenvolvimento Sustentável: conceitos e desafios. In: Bahia - Análise e dados: desenvolvimento sustentável, v. 6, n. 2. Salvador: SEI, 1996.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada por comentar no Blog.