Sobre a política de desenvolvimento regional
no Brasil é possível distinguir dois grandes períodos de ocorrência: período
posterior à década de 1950, que, aproveitando-se do contexto favorável,
caracteriza-se por grandes realizações, a exemplo da criação da
Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE); período iniciado após
a década de 1980, que, pela lógica do capital encampada pelo Estado evidencia
um agravamento dos problemas regionais no país como um todo.
As transformações materiais
do mundo após o ano de 1945 fazem parte de um contexto justificativo ao
interesse despertado sobre o tema desenvolvimento pela pesquisa, docência e
práticas estatais. O desenvolvimento nas décadas de 1950 e 1960 foi entendido,
essencialmente, como a necessidade de transformação de realidades de base
agrária em uma base industrial. A conquista do desenvolvimento econômico, numa
perspectiva de progresso linear, predominou no debate daquele momento. As
teorias que mais influenciaram as práticas de planejamento, particularmente
pelo estado, pouca ou nenhuma atenção atribuiu à dimensão sócio-espacial do
desenvolvimento.
A partir do final dos anos 80, com a divulgação
pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Comissão Brundtland)
do relatório intitulado “Nosso Futuro Comum”, iniciaram-se novas discussões
sobre o conceito de desenvolvimento, incorporando-se-lhe adjetivos como
sustentável, local, que assumiram, de lá para cá, a hegemonia do debate. A
emergência dessa nova fase na concepção de desenvolvimento é justificada pelo
despertar da sociedade para com os problemas ambientais, sendo atribuída maior
importância às dimensões ambiental e espacial, até então negligenciadas. No
seio dessas novas discussões existem grupos bastante comprometidos, que apresentam
argumentos coerentes, aos quais, ainda que discordemos teoricamente, não
podemos negar as contribuições. Há, por outro lado, a apropriação do resultado
dessas discussões, sobretudo pelos dirigentes políticos, de maneira
oportunista, deixando evidente as suas principais contradições.
O desenvolvimento sustentável é definido como
“aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade
das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades” (CMMDA, 199l,
apud BUARQUE, 1996, p. 6), sugerindo o aumento de oportunidades sociais com
compatibilidade entre o crescimento econômico, a conservação ambiental, a
qualidade de vida e a equidade social.
(BUARQUE, 1996).
Segundo Becker (1995), o
desenvolvimento sustentável, como exposto no Relatório Bruntland (1987), é uma
feição específica da geopolítica contemporânea, deixando à mostra a dimensão
política do espaço e dos conflitos a ele inerentes em várias escalas
geográficas.
BIBLIOGRAFIA
BECKER,
B. K. A crise do Estado e a região: a
estratégia da descentralização em questão. Rio de Janeiro: Revista
Brasileira de Geografia, jan./mar., 1995.
BUARQUE, S. C. Desenvolvimento Sustentável: conceitos e desafios. In: Bahia -
Análise e dados: desenvolvimento sustentável, v. 6, n. 2. Salvador: SEI, 1996.
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